Eu tenho sempre os mesmos poemas,
aqueles que me acordam pela manhã.
Não sou prolixo.
Os poemas é que são secos.
Assim como sou seco no andar,
adquirindo pó pela estrada,
comendo pó como tantos outros;
vivo tossindo coisas secas.
Já prestei contas às minhas manhãs.
Acordo agora sem letras,
absolutamente esquálido;
ouvindo apenas a cidade.
Vez ou outra a secura me comove.
Respiro fundo, digo não.
E, mesmo assim, seco,
ainda sou prolixo.
Quantos de nós dizem não,
secamente, mesmo tendo uma manhã?
Humberto Firmo
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