Humberto Firmo - Calango do Cerrado

14 de set. de 2008

O Silêncio das Coisas

O silêncio de um corredor de hospital
O silêncio sepulcral de velório
O silêncio onde não há uma viva alma
O silêncio por onde transita a ingratidão
O silêncio que habita um castelo mal assombrado
O silêncio de uma sala vazia e um quarto vazio
O silêncio palpitante numa cena de suspense.

Esse momento que passa, silenciosamente.

O silêncio dos elétricos desligados
O silêncio dos motores estacionados
O silêncio das quadras abandonadas
O silêncio de um livro fechado na estante
O silêncio da noite dobrando-se uma esquina
O silêncio da idade nos aproximando ao tempo
O silêncio espacial que há além da terra.


Esse silêncio que nos envolve,
Perigosamente, com a solidão.

Otimismo em Gotas

Estou farto
Desse otimismo papel crepon
Bem embrulhadinho
Empacotado pra presente
Amarrado com fitinha
De moral inacabada.

Estou farto
Desse otimismo papel de seda
Fantasiado de maçã do amor
Encaixotado pra viagem.
Embrulhado com florzinhas
de múltiplos desesperos.

Inverno

Na primavera colhi flores
No outono soltei pipas
No verão comi jiló
Quem ligou o ar-condicionado?

Momento Bashô

Um livro pra ser lido

A nova casa de Olhos D'água

o antes:


e o depois: